O mercado de carbono é uma das principais estratégias para a mitigação das mudanças climáticas, pois visa incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) por meio da precificação do carbono e da criação de incentivos econômicos para a adoção de práticas mais sustentáveis. O funcionamento do mercado de carbono é relativamente simples: em um primeiro momento, governos estabelecem metas de redução de emissões de GEE para empresas e setores da economia.
Essas metas são convertidas em limites de emissão, que são distribuídos em forma de quotas entre as empresas participantes. Cada quota corresponde a uma tonelada de CO2 equivalente (CO2e), que tem um valor monetário estipulado. Assim, as empresas que conseguem reduzir suas emissões abaixo do limite estabelecido podem vender suas quotas excedentes para outras empresas que não conseguiram atingir a meta. Dessa forma, a empresa que reduziu suas emissões é recompensada financeiramente e a empresa que não conseguiu atingir a meta pode comprar as quotas necessárias para cumprir sua obrigação.
Existem basicamente dois tipos de mercado de carbono: o mercado regulatório e o mercado voluntário. O mercado regulatório é aquele em que as empresas são obrigadas por lei a reduzir suas emissões e participar do sistema de quotas e créditos de carbono. Já o mercado voluntário é aquele em que as empresas decidem participar por vontade própria, como forma de demonstrar compromisso ambiental e reduzir sua pegada de carbono. Um exemplo de mercado de carbono regulatório é o Sistema Europeu de Comércio de Emissões (EU ETS), que foi estabelecido pela União Europeia em 2005. O EU ETS é atualmente o maior mercado de carbono do mundo e abrange mais de 11.000 instalações industriais em 31 países europeus. Já um exemplo de mercado de carbono voluntário é o Verified Carbon Standard (VCS), que é utilizado por empresas em todo o mundo para compensar suas emissões de GEE por meio de projetos de redução ou remoção de CO2.
Os mercados de carbono têm sido cada vez mais utilizados na tentativa de limitar o aquecimento global e evitar os impactos negativos das mudanças climáticas, como a elevação do nível do mar, eventos climáticos extremos e a perda de biodiversidade. No entanto, alguns críticos argumentam que esses mercados têm limitações e não são capazes de resolver os problemas ambientais por si só. Um dos principais desafios do mercado de carbono é a fixação de preços para as quotas e créditos de carbono. Algumas empresas podem considerar que o preço é muito alto e tentar fugir do sistema, enquanto outras podem simplesmente comprar os créditos sem necessariamente reduzir suas emissões. Além disso, alguns setores da economia, como a agricultura e a aviação, ainda não estão plenamente integrados aos sistemas de comércio de carbono.
Outro desafio é a verificação e a garantia da redução real das emissões de GEE. Algumas empresas podem afirmar que suas emissões foram reduzidas sem que haja uma comprovação rigorosa dos resultados. Além disso, existem críticas quanto aos critérios de certificação de projetos de compensação de carbono, que muitas vezes não levam em conta as dimensões sociais e ambientais do desenvolvimento sustentável. Em resumo, o mercado de carbono é uma ferramenta importante para a mitigação das mudanças climáticas, mas ainda enfrenta muitos desafios. É importante que os governos e as empresas trabalhem juntos para aprimorar os sistemas de comércio de carbono e garantir que as metas de redução de emissões sejam alcançadas de forma efetiva e transparente.
Marcus Reis
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